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Publicação Independente e Cultura Funk: Escritoras compartilham desafios para publicar livros no Brasil

Escrito por em 14/08/2024

Em entrevista à Rádio Street FM, escritoras e pesquisadoras de funk e cultura relembraram suas primeiras publicações e os desafios de publicar livros de forma independente no Brasil.

Trabalham, estudam, cuidam da casa, da família e dos relacionamentos, e no “tempo livre” se dedicam à escrita. Essa é a rotina das escritoras independentes Ludmylla Gonçalves, Tamiris Coutinho e Michele Miranda, pesquisadoras e autoras de livros sobre funk.

Em uma era de ChatGPT e com a tecnologia automatizando diversas áreas, juntar palavras e organizar ideias pode parecer uma tarefa fácil. No entanto, fazê-lo com maestria e de forma profissional é outra história.

Preocupadas com a narrativa apresentada sobre o funk e a cultura periférica, as escritoras decidiram estudar e levar essa cultura para dentro da academia.

“Mais do que um sonho, colocar o funk em evidência é uma missão de vida. Ver conteúdos sobre ele nas universidades e nas livrarias é muito prazeroso”, relata Tamiris Coutinho, autora do livro “Cai de boca”.

Para manter o sonho vivo, Michele revela que precisou manter três empregos para juntar dinheiro e investir na publicação e impressão de seu livro.

Tamiris Coutinho Autora do livro: Cai de boca

 

 

“Felizmente, com a boa repercussão do livro na imprensa, as portas abertas em feiras, museus e eventos, além das vendas positivas, está sendo possível reaver o investimento e já estamos na segunda tiragem”, afirma Michele Miranda autora do livro “Funk Delas”. 

O maior desafio, sem dúvida, é dar conta de todas as etapas de um lançamento de livro: desde a assessoria de imprensa até a distribuição nas livrarias, passando pelas negociações com a gráfica, orçamento, investimento, redes sociais e eventos de lançamento.

A Importância do Funk nas Universidades

Segundo as escritoras, o principal objetivo de levar o funk para as universidades é introduzir uma nova perspectiva afro-educacional sobre o gênero. Elas buscam oferecer uma visão interna do movimento, ressaltando sua relevância para a educação e abordando questões de racismo e valorização da negritude de forma consciente.

Levar o funk para as universidades é fundamental para enriquecer o debate acadêmico sobre o gênero musical e a cultura periférica. Ao incluir o funk no ambiente universitário, promovem-se discussões mais amplas sobre racismo e a valorização da negritude, enriquecendo a compreensão acadêmica da cultura urbana e contribuindo para a desconstrução de estereótipos e a promoção de um ambiente de aprendizado mais inclusivo e diversificado.

“Em ‘Funk Delas’, podemos perceber as várias camadas que as mulheres precisam enfrentar na sociedade e no funk para serem ouvidas. O funk é um movimento genuinamente das favelas e das periferias, então as mulheres que vêm desses lugares precisam enfrentar não só os problemas sociais e raciais, mas também a misoginia e o machismo”, relata Michele autora do livro “Funk Delas”. 

“Eu acredito que o maior desafio em ser independente nesse processo é de fato estar sozinha no processo de divulgação. O meu livro é digital e tenho uma designer para a construção estética do livro, mas para a divulgação eu só conto com o meu investimento financeiro e de tempo para alcançar meu público e vender meu livro”, Ludmylla Gonçalves, autora do livro “Funk na Escola”.

Desafios Enfrentados por Pesquisadores no Brasil

Os pesquisadores no Brasil enfrentam uma série de desafios que refletem a complexidade e as particularidades do país. A falta de recursos financeiros é um obstáculo significativo, limitando a capacidade de realizar estudos aprofundados. A burocracia e a competição por bolsas e editais também dificultam o acesso a financiamentos, tornando a pesquisa um desafio adicional para quem trabalha na área.

A autora do livro Preso na Gaiola, Juliana Bragança, relatou que precisou de muito foco e determinação para concluir seu mestrado sem bolsa. “Trabalhei como professora durante o curso. Para entregar artigos, participar de eventos, tive que trabalhar dobrado, dormir pouco, me alimentar de forma incorreta e perder alguns momentos com a família”, disse Juliana.

Além das dificuldades financeiras, a falta de reconhecimento e valorização da pesquisa acadêmica muitas vezes desmotiva os pesquisadores e dificulta a divulgação de suas descobertas. “Tive várias vezes vontade de desistir do mestrado. Se não fosse minha rede de apoio, com certeza não teria defendido minha dissertação”, afirma Juliana.

 

Para se manter firmes na pesquisa e divulgar seus trabalhos acadêmicos, Tamiris, Michele e Juliana se apoiam mutuamente e também incentivam outras mulheres.

Dificuldades para publicar livros e artigos acadêmicos 

Para publicar seus livros, as autoras frequentemente recorrem a “vakinhas online” e outras formas de financiamento coletivo, como empréstimos, rifas e o apoio de amigos e familiares. Outra alternativa é a participação em editais públicos, mas, infelizmente, a competição é intensa e muitas vezes a aprovação é difícil de ser alcançada.

A participação em congressos e eventos acadêmicos também é uma tarefa complicada e desafiadora. Muitos pesquisadores enfrentam dificuldades para conseguir financiamento para cobrir os custos de inscrição, deslocamento e hospedagem. A falta de recursos pode muitas das vezes, acaba limitando o acesso a esses eventos e muitas das vezes prejudicando o andamento da pesquisa e da permanência dos pesquisadores nos programas de pós-graduação.  

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